Saudades...

Acabei de falar com meus pais. Essa é a parte mais difícil de todo o processo de imigraçao. Esperar o pedido de exames é estressante, esperar o pedido de passaportes é enervante, esperar os passaportes voltarem já dá uma sensaçao de alívio... Comprar as passagens é divertido, arrumar as malas é cansativo, estressante e divertido, nao necessariamente nessa ordem... Mas a despedida... a despedida dói...
Depois de passar horas num aviao, nao dormir, se alimentar mal, enfrentar filas e fazer conexoes você pensa que essa dor sarou. Pois é... Sinto muito, mas nao sara... É uma ferida que cria uma casquinha, mas qualquer movimento já a rompe e dói de novo...
Como qualquer dor, tem dias que você nao sente. Tem dia que dói só um pouquinho. Tem dia que um telefonema cura. Tem dia que uma sesao de fotos cura. Mas tem dias que você acha que nao vai dar conta...
Claro que você consegue passar por isso. Mas por um instante, um segundinho só, você se vê no seu aniversário de 4 anos, ou no seu primeiro dia de escola, ou no dia que o seu primeiro dente de leite caiu e quer ficar lá pra sempre. Mas nao dá. Hoje você é um adulto, tem sua própria vida, fez suas escolhas e através delas você veio parar num outro país que tem tanta coisa bonita e interessante pra te oferecer. Onde nem tudo sao flores, mas os espinhos parecem menores... Aí você pensa no quanto você honrou os esforços dos seus pais, caminhando com suas próprias pernas, indo atrás das coisas que quer, sendo um adulto responsável, lutador e feliz. Aí você encontra novas forças e se sente melhor. Comigo, pelo menos é assim...
É o que tem de mais bonito essa história de morar em outro país – você se vê como herói na sua própria história. Tudo depende só de você (e do seu esposo, claro, se você tiver um). Você vai dar rumo pra essa história. Nao que no seu país nao seja assim. Sempre somos nós que temos (ou deveríamos ter) as rédeas de nossa vida. Mas quando estamos em família, as coisas parecem mais fáceis. E parece que a gente nem se esforça tanto assim... Mas quando você sai do « ninho » é que vê as forças das próprias asas...