Barcos

Lembro como se fosse hoje. Estávamos tomando chocolate quente na Panificadora Aquário, eu e a Wal. Fálavamos sobre a ida dela pro Canadá. Naquele tempo, eu não tinha certeza se iria. Aí, ela falou a frase que ficou marcada na minha cabeça, que eu achei tão simples e tão explicativa:" Imigrar é que nem reencarnar, só que não precisa morrer e a gente leva a experiência passada!" Não é fabuloso isso?
É exatamente assim que eu vejo as coisas. Vamos começar tudo de novo - nova cidade, novas pessoas, novos estudos, trabalhos, etc. A língua é nova. Até nossos nomes serão novos. Não seremos "Alessandra" e "Octavio" seremos "Alessandrrá" e "Octaviô". E vocês já repararam como a gente se expressa de maneira diferente em línguas diferentes? Até as expressões faciais, as piadas, o tom da voz. Tudo muda.
Temos que encontrar novos médicos, dentistas, supermercados, casa, atalhos. E guardar no coração, no MSN, no Skype e nos Correios nossa família e tantas pessoas maravilhosas que temos o prazer de conhecer. Aliás, somos muito abençoados, nós dois. Sempre encontramos pessoas especiais em momentos decisivos.
Pra família não é nada fácil e pra gente tudo é novidade, mas é difícil também... Isso me faz lembrar um pequeno texto muito bonito, do qual eu, infelizmente, não conheço o autor; que serve pra morte (como eu a vejo), mas acho que pra imigração também:
"Um barco se afasta do porto. Você fica olhando enquanto ele se afasta, até que parece apenas um pontinho no horizonte. E você diz:"Ele se foi! Para onde?"
Foi a um lugar onde sua vista não alcança, só isso.
Ele continua tão grande e tão imponente como era perto de você.
E naquele exato momento em que você diz "Ele se foi", há outros olhos vendo-o aproximar-se e outras vozes exclamando com alegria:" Ele está chegando!"
Nunca será um adeus, apenas um até breve"
Esperamos que seja assim conosco e com todos que estão indo para um novo lugar, recomeçar, ou continuar, uma vida. Abraços a todos!!